1ª república portuguesa: Uma Cronologia
PREFACE
Encerradas as comemorações do Centenário da 1 .ª República Portuguesa, que deu origem a copiosas obras sobre a matéria, dir-se-ia que este trabalho vem fora de tempo.
Curiosamente, entre a multiplicidade de publicações surgidas ao longo de um ano, persistiu sempre a lacuna de uma cronologia.
Sabe-se quanto em Portugal o ambiente é avesso a este tipo de publicações, mormente da parte do sector editorial. Mercado escasso, sem conceder réditos imediatos, torna-se pouco ou nada atractivo em contexto de tormentosa situação financeira, afectando não poucas editoras.
Iludido pelas boas intenções de uma delas, a recusar a inevitável falência à vista, retido ficou o manuscrito por quase meio ano. O suficiente para perder a voga de circunstância, que o aniversário secular prodigalizava.
Resignei-me, por isso, a aguardar uma oportunidade, embora descrente de que tal viesse a acontecer.
Em conversa com amigo de longa data, Magnífico Reitor da Universidade de S. José de Macau, Prof. Doutor Ruben de Freitas Cabral, veio o assunto fortuitamente à baila. E, para minha grande surpresa, logo ali se desenhou a hipótese da edição, conhecido que lhe era o trabalho embrionário sobre o tema, por mim publicado em 1991 . Desta feita, revisto e aumentado para 10.500 entradas, quase o dobro do anterior.
Cabe, pois, uma menção de profundo reconhecimento por quem acreditou no resultado de um labor, que se pretendeu o mais isento possível.
Nunca compreendi por que razão este período historiográfico jamais merecera um estudo cronológico. A verdade é que não houve seguidores àquela minha recolha.
Apesar de indefectível republicano, à falta de monarquia electiva, resisti sempre a deixar-me embalar pelos encómios que muitos devotos lhe dedicam. Em causa não estará o regime propriamente dito, mas a sua truculenta vivência que, durante 16 longos anos, ensombrou o País.
Muitos dos que, ainda hoje, altivamente referem a “ética republicana”, receio não saberem muito bem do que falam. Esquecem, isso sim, a humilhante criação na Bélgica do verbo “portugaliser”. Para quem não sabe, significava introduzir o caos em toda e qualquer forma organizativa. Por outras palavras, a baderna institucionalizada, tipificadora de uma época de tal maneira odienta, a dar lugar ao aplauso generalizado à Ditadura Militar que lhe sobreveio.
Em nome de uma decantada liberdade, cometeram-se os maiores desmandos. Ao infrene partidarismo político submeteram-se alguns dos grandes e bem intencionados vultos republicanos. É que não basta alimentar desígnios probos e superiores. Sobretudo importa criar condições susceptíveis de os realizar. E essas, nunca foram achadas por entre a anarquia, o nepotismo e a ‘partidocracia’ generalizada.
Esta fase da História de Portugal tem sido recentemente muito dissecada. Mister é dizer, de forma mais isenta e objectiva. Daí apontarem-se as inúmeras maleitas que a enfermaram, ao que parece sem grande exemplo para a realidade actual.
Repita-se ou não a História, a verdade é que as suas lições deveriam servir para alguma coisa. No caso vertente fico descrente que assim seja, o que não diminui o afã de dar a conhecer uma 1 ª República em datas e factos que, para bem ou para mal, não podem ser apagadas da memória colectiva portuguesa.
Quinta da Morgadinha, Caneças, 25 de Outubro de 2011
F.C.B.
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